Diesel e gasolina: são mesmo tão caros?
junho 13, 2018
Caminhoneiros de todo o país iniciaram uma greve contra os aumentos no preço do diesel.
Constantemente, por outro lado, vejo amigos reclamando do preço da gasolina.
Mas, será que os preços do diesel e da gasolina aumentaram tanto assim ao longo dos últimos anos?
Decidi fazer uma comparação:
- em maio de 2001, o litro da gasolina saia das bombas por R$ 1,68
- em maio 2018, o litro da gasolina sai das bombas por R$ 4,26, um aumento de 154%
- em maio de 2001, o litro do diesel saia das bombas por R$ 0,83
- em maio de 2018, o litro do diesel sai das bombas por R$ 3,57, um aumento de 330%
No entanto...
- entre maio de 2001 e maio de 2018, o salário-mínimo passou de R$ 180,00 para R$ 954,00, um aumento de 430%
Ou seja, se em maio de 2001 você comprava 107 litros de gasolina com um salário-mínimo, hoje você pode comprar 224 litros.
Além disso, é bom saber que entre maio de 2001, quando um barril de petróleo podia ser comprado por US$ 27,50 (equivalentes a R$ 64,31), e maio de 2018, quando um barril de petróleo não sai por menos de US$ 70,00 (equivalentes a R$ 252,00), a cotação do petróleo subiu 292%.
De todo a sorte, deixando-se de lado os impostos e contribuições, sem os quais nenhum país do mundo sobrevive, e que representam cerca de 28% do preço dos combustíveis, é preciso entender existem muitos custos ocultos no preço do diesel e da gasolina, além do petróleo.
Os consumidores se esquecem, por exemplo, dos custos com o transporte dos combustíveis entre as refinarias, as distribuidoras e os postos, os custos com os funcionários que trabalham na cadeia de combustíveis e que aumentaram mais de 600% nos últimos 17 anos (um empregado, no Brasil, custa ao empresário o equivalente a 150% de seu salário) e o próprio custo de oportunidade, que nada mais é que o valor que as refinarias, distribuidoras e os revendedores de combustíveis pretendem obter pelo capital investido.
O brasileiro precisa compreender que não existe almoço grátis e que é necessário reclamar do que realmente importa.
Temos rodovias sucateadas que encarecem o preço dos transportes.
Temos um folha de salários com tantos penduricalhos que empreender no Brasil é um desafio quase intransponível (você sabia que todas as empresas - supermercados, lojas, empresas de tecnologia - pagam uma contribuição para o INCRA?).
Temos gastos gigantescos para manter o Senado, a Câmara dos Deputados, as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais, que, salvo em raras exceções, nunca exerceram seu papel com o mínimo de eficiência e dignidade.
Enfim, o que relembramos com a crise? Que vivemos na Bananalândia...
Em menos de 24 horas de greve, diversos aeroportos anunciaram o fim das reservas de querosene… Sério mesmo? As reservas de nossos aeroportos não duram nem 2 dias? Onde está o planejamento?
Em menos de 48 horas, o preço da batata no Rio de Janeiro subiu 400%… Oi? Como assim?
Em menos de 72 horas, os postos de combustíveis anunciaram que seus tanques estão quase vazios… Tá, justificável, o pânico levou todo mundo a abastecer os carros, o que de fato levou ao esgotamento das reservas.
Ahhh… Temos que forçar o governo a reduzir impostos!
Tudo bem, vamos diminuir os impostos e contribuições sobre os combustíveis…
E aumentar os impostos sobre a folha de salários, os impostos sobre a energia elétrica, os impostos sobre o pãozinho de cada dia…
Ou você realmente acha que existe almoço grátis?
Se o governo precisa de R$ 100 bilhões para pagar as contas, o governo irá arrecadar R$ 100 bilhões, de uma forma ou de outra. E você irá pagar, de uma forma ou de outra.
E, de toda forma, você acha que isso resolverá o problema com os fretes?
Pois saiba que o preço dos fretes, assim como o preço de outros serviços e mercadorias, segue a lei da oferta e da demanda. E, na última década, medidas populistas incentivaram a compra desenfreada de caminhões, por caminhoneiros e empresas de transporte, crescendo em um ritmo que a demanda por fretes, em uma economia estagnada, não conseguiu acompanhar.
Segundo dados informados pela consultoria NTC & Logística, por exemplo, durante a greve de 2018, o Brasil tinha cerca de 2 milhões de caminhões em atividade, num excesso de 300.000 caminhões.
Consequentemente, a diminuição do preço dos combustíveis gerará, de uma forma ou de outra, a redução do preço dos fretes, já que sempre haverá algum motorista disposto a dar um desconto para não ficar parado.
Pense nisso.